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Dia Internacional da mulher- Artigos de Rejane Jungbluth Suxberger e oficiala Fabiana Rodrigues Silveira da Cruz

Rejane Jungbluth Suxberger* Recentemente recebi o convite de uma palestra sobre a importância da mulher no poder judiciário. Até aí, tudo bem. O que surpreendeu foi o fato da palestra ser ministrada por dois homens. Opa! Eu entendi bem? Dois homens falando sobre a importância da mulher no âmbito do judiciário? Qual o motivo? Não existiam mulheres que poderiam falar sobre o tema? Ou será que precisamos, ainda, da chancela dos homens para dizermos da nossa importância? Esses homens saberiam falar, por exemplo, do que é ser mulher e conduzir uma audiência de violência doméstica, onde a maioria dos réus são homens e ficam revoltados ao ver seus processos instruídos por mulheres, estas semelhantes àquelas em que eles deixaram suas marcas mais primitivas? Esses mesmos homens saberiam falar o que é ser advogada e entrar num tribunal ou audiência repleta de homens e ainda, em pleno século XXI, ser subestimada por sua condição feminina? Também, esses mesmos homens saberiam o que é ser promotora de justiça e o sentimento que elas têm ao fazer uma sustentação oral num tribunal de júri, repleto de homens? Ou uma visita ao presídio masculino? Afinal, qual é a nossa importância junto ao poder judiciário e quem poderá dizê-lo? Será que esses homens saberiam dizer o que sentimos quando vimos Cnéa Cimini Moreira de Oliveira ser a primeira mulher a ocupar um cargo em um Tribunal Superior (TST), em dezembro de 1990? E a emoção de junho de 1999 quando a ministra Eliana Calmon, magistrada de carreira da Justiça Federal, foi a primeira a ocupar um assento no Superior Tribunal de Justiça (STJ), dez anos depois de inaugurado. No ano 2000, fomos testemunhas do primeiro banheiro feminino construído no Supremo Tribunal Federal para receber a Ministra Elen Gracie, quando aquela Corte ainda era um reduto de homens. Será que eles saberiam descrever a sensação de ver a posse da primeira mulher a integrar a mais alta Corte do País, que ainda exerceu a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) por dois anos, antes de encerrar sua trajetória no Judiciário brasileiro em 2011? Hoje somos maioria nas faculdades de direito e nos tribunais. Mas o espaço destinado a nós é o mesmo dos homens? Não! Precisamos deles falando da nossa importância. Fomos presença marcante em todos os processos revolucionários que transformaram as relações de gênero. Todavia, ainda nos encontramos numa subordinação cultural e psicológica, assistindo de camarote as práticas excludentes que operam sobre nós. Ainda somos detentoras de dupla jornada: no mercado de trabalho, onde precisamos todos os dias renovar a prova da nossa capacidade, e outra em casa. As intensas demandas da carreira devido à sobrecarga de papéis e exigências, ocasionam um prejuízo à qualidade de vida. Ainda nos é exigido perfeição irrepreensível e muitas vezes impossível, uma vez que qualquer falha, limitação ou fraqueza será dada à nossa condição de mulher. Não basta o aumento do número das operadoras do direito – Magistradas, Advogadas e Promotoras – para que os padrões de comportamentos sejam modificados com o fim das desigualdades, discriminações e erradicação da violência contra a mulher. É necessário consciência de que, enquanto existirem pensamentos que justifiquem a submissão de um gênero a outro, a sociedade continuará estagnada no que toca à igualdade dessas minorias. O trânsito em espaços historicamente ocupados por homens ainda é difícil, pois o preconceito vem à frente do saber. A condição sexual continua recebendo tratamento diferenciado e se apresenta como fator de exclusão, basta ver os tribunais superiores, onde os homens ainda são maiorias. Enfim, diante dos avanços e retrocessos ainda somos lembradas por nossa beleza e fragilidade e muito pouco por nossa competência, continuamos protagonistas de um preconceito sutil e velado. O que nos resta fazer? Conforme Simone de Beauvoir “o presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação”. Portanto, façamos a diferença hoje! [1] REJANE JUNGBLUTH SUXBERGER – Juíza de Direito – Titular da Vara de Violência Doméstica de Sobradinho/DF Artigo da oficiala Fabiana Rodrigues Silveira da Cruz- MULHER, MÃE, SERVIDORA E OFICIALA                Sento em frente ao monitor, são 23:30h e os meus neurônios se debatem enquanto meus hormônios estão à flor da pele… Os filhos já estão dormindo, também pudera o dia deles foi igual a uma gincana!!!               Paro, reflito, pondero e questiono: afinal, o que é ser mulher? Mais que uma questão de genética e de gênero eu me faço a pergunta na perspectiva mais profunda do meu âmago, pois quem sabe assim eu obtenha a resposta!?               O dia foi longo, foram muitas frentes de trabalho e muitas demandas.  Enquanto por segundos estudei no espelho qual o melhor tom da sombra, do blush e do batom lembrei que tenho hora marcada para uma intimação assim que deixar os filhos na escola.               E meu itinerário me invade enquanto entre um sinaleiro e uma fechada no trânsito novamente me questiono: afinal, o que é ser mulher? Não genericamente, mas especificamente? Na primeira pessoa mesmo…               Confesso que já revirei a literatura, faz tempo que me ocupo buscando a definição pessoal, a fim de me organizar melhor diante de tantos apelos midiáticos, tantas propostas publicitárias e tantos papéis que o mundo me sugere.               Comecei lendo \”Mulheres inteligentes, escolhas insensatas\”, não por me julgar muito inteligente, nem por supor que fiz escolhas tão insensatas…apesar de algumas cabeçadas… mas seria bom entender o universo feminino a partir de uma análise masculina, pensei.               Depois me debrucei sobre outra literatura, \”Mulheres que amam demais\”, um alerta importante na regulagem da nossa intensidade emocional que pode afetar a saúde dos nossos relacionamentos. Mas quis ir adiante, no afã de decifrar o ponto em que nós mulheres nos encontramos, nas nossas questões comuns e nas particulares, li \”Mulheres que fazem demais\”, uma sequencia que considerei óbvia pois nós mulheres não sabemos amar sem ativismo! Foi quando descobri que temos a dimensão física, emocional e espiritual… mais isso para pensar e colocar na